quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Caetaneando no Circo Voador!

Mick Jagger nunca deixou de cantar “Satisfaction”. Por mais que haja críticas aos Stones de não saber envelhecer e, portanto, soarem uma caricatura do que foram na juventude, Mick e companhia nunca decepcionaram seus fãs no que diz respeito a apresentar os clássicos. Por outro lado, Caetano passou quase duas décadas se esquivando de seu repertório que envolve o álbum Transa e coisas mais ligadas ao período tropicalista, onde dividia criações com Rogério Duprat, Tom Zé e os Mutantes. O motivo para isso não se sabe. Mas, vamos especular, assim como quem não quer nada, que o Caetano, então solteiro, deve ter ido a algumas festas com o filho Moreno ou com os amigos deste e percebeu que a moçada ainda acha Caetano um cara bem rock n’ roll. Que a juventude dança com gosto as faixas de Transa, Tropicália ou Panis et Circenses, Araçá Azul, Barra 69, e outras que disc-jóqueis que nasceram em tempos de “Xou da Xuxa”, soltam sem constrangimento ou ar de nostalgia nas suas potentes caixas de som. Então, Caetano, que um dia resolveu escrever suas verdades tropicais, resolveu aparecer no Circo Voador em pleno início de verão carioca, para cantar e tocar, depois de anos, suas verdades tropicais.
Diante do público, que variava dos contemporâneos do compositor a jovens dourados da praia diária das férias, emergiu um Caetano Veloso acompanhado da sua banda de garotos de trinta anos, fazendo uma entrada a la Franz Ferdinand, com direito a um show cheio de pulos, corridas, solos de guitarra e bateria, tapa na mão do público e até ameaça de mosh.


E esta platéia reagiu com entusiasmo a este Caetano que esbanjava energia, sentando uma única vez para uma canção solo no violão, que também rendeu um dos discursos da noite, onde afirmava ter adorado a síntese que haviam feito dele num blog: Ninguém agüenta mais esse Caetano falando. Agora pior ainda é aturar ele cantando violão. – A platéia, claro, veio abaixo.
Junto com clássicos como “It´s a long away”, “Alguma coisa está fora da ordem” e “Desde que o samba é samba”, mostrou as músicas do novo álbum como “Odeio”, “Homem” (esta parece até uma resposta tardia a “Super-Homem, a canção” do amigo Gilberto Gil), “Rocks”, “Não me arrependo”, entre outros. Todas cantadas em alto e bom som pelos caetaneados do recinto. Vale ressaltar também que não faltou reverência por parte de Caetano para com os músicos Marcelo Calado (bateria), Ricardo Dias Gomes (baixo e piano Rhodes) e Pedro Sá (guitarra), este último, por sua vez, assina junto com o compositor a direção musical do show. Todos os três possivelmente nascidos depois que Caetano já havia se lançado, exilado pela ditadura militar, retornado ao Brasil e feito a turnê do álbum Jóia. Todos os três muito bem afinados e entrosados com o jovem senhor que acompanhavam no palco.
Em suas primeiras falas, diante daquele mar de gente de braços e celulares erguidos, se dirigiu ao público de modo tímido com uma timidez que só Caetano saberia ter. Ao término, saiu de cabeça erguida, como só este mesmo Caetano saberia sair. E assim, durante dois dias, o Circo caetaneou de vez! Aplausos! Muitos! Vivos e sinceros! Como um show de Caetano no Circo Voador!

Lencinho Smith

Evento ocorrido na terça e quarta, 19 e 20 de dezembro de 2006.

sábado, 3 de junho de 2006

Sexta SIM

A galera que está com seus vinte e tantos ou trinta e poucos, certamente se lembra do projeto Sexta Sim, que durante a década de 90 levou muito reggae e rock para o Teatro de Lona da Barra. Na última sexta, foi dia do evento trocar de lona e aportar no Circo Voador com alguns de seus maiores destaques. As bandas Boato, Acorda Bamba e Luis Carlinhos (ex-vocalista do Dread Lion) levaram um pouquinho da atmosfera paz e amor da antiga casa para o palco da Lapa. Destaque para o divertidíssimo show do Boato e seu performático vocalista Cabelo.

Evento ocorrido na sexta, 03 de junho de 2006.

sábado, 8 de abril de 2006

Desequilibrado é quem perdeu!


PONTO DE EQUILÍBRIO
Lançamento nacional do CD
"Reggae a vida com amor"

O Leão de Judah voltou a rugir com força na Lapa. E ele não esperou altas horas da noite para se fazer ouvir. Quem passou pelo Circo Voador, por volta das oito e meia da noite, se deparou com a dobradinha Urcasônica Sound System e Sensorial Sistema de Som, em cima da bilheteria da lona, detonando na pressão as vertentes do reggae em direção aos arcos. A apresentação foi um aquecimento para a noite que começava e para a apresentação do Easy Star All-Star, que apresentarão o show do disco “Dub Side of The Moon”, no dia 13 de maio, no próprio Circo.

Um pouco antes das dez e meia da noite, uma preocupação. O DVD do filme “Rockers – It’s Dangerous!” que continha as legendas em português estava arranhado, e sobrara outro com as legendas em inglês, que de certa forma limitara o entendimento. Bateu aquela paranóia, de que o público se revoltaria e pediria dinheiro de volta, criaria caso etc. Que nada! Mesmo com as legendas na língua do príncipe Charles, o público se acomodou nas cadeiras, pufes e chão para curtir o clássico filme que mostra as aventuras e desventuras de Leroy "Horsemouth" Wallace, entre Burning Spears, Lee Perry, e outros nomes do reggae.

Em seguida, se deu início aos trabalhos do palco, com a apresentação do Sozalesdub, grupo a qual pertenço e, portanto, não irei me ater ao próprio umbigo. Posso dizer que contamos com as ilustres participações de membros do Dá no Coro, que é o coral da FACHA, e do Dennis, rapper do grupo Poetas de Ébano. Dedicamos nosso set aos imortais Jair do Cavaquinho e palhaço Carequinha.

Nessa altura, o Circo Voador já estava abarrotado de gente se deliciando com o ritmo mais famoso da Jamaica. Portanto, não foi surpresa o público ter vindo abaixo com a entrada do Ponto de equilíbrio no palco. Mais uma vez, a galera de Vila Isabel transformou um público num grande coral, que sob o comando de Rãs Hélio, cantarolava com ele todas as filosofias rastas que a banda faz questão de exaltar. A loucura foi tanta que até um elemento pelado subiu no palco balançando seu cajado rastafari e distribuindo pisada. Sobrou até para nossa fotógrafa catar as roupas do indivíduo. Esse perdeu o equilíbrio!

Para encerrar a apresentação, o Circo delirou com “Jah Jah me leve”, música que abre o disco “Reggae a vida com amor”, e teve a participação do Dj Marcelinho da Lua, transformando a última música do Ponto de Equilíbrio num dub que deve estar ecoando até agora nos ouvidos de quem esteve presente.

No final de tudo, permaneceu Marcelinho da Lua fazendo um set 100% jamaicano, como prometido na divulgação, e o público arrepiado como a juba do Leão de Judah!

Lencinho Smith


Evento ocorrido no sábado, 8 de abril de 2006.