segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Baile de Debutante "Da Lama Ao Caos"

O álbum "Da lama ao caos", de Chico Science & Nação Zumbi, foi um grande marco na música popular brasileira. Lançado 15 anos atrás, o repertório continua atual, firme e forte. Uma prova disso foi a lotação esgotada no show da Nação Zumbi, sexta dia 06/11, no Circo Voador. Uma verdadeira celebração! Foi massa ver todo mundo cantando as músicas do CD.



Texto: Zeca Fernandes
Fotos: Márcio Arqueiro e Marcelo Mirrela

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Arnaldo Antunes - “Iê Iê Iê”

Mais uma noite memorável na Lona do Circo Voador: Arnaldo Antunes lançando no Rio seu novo show, “Iê Iê Iê”. Figurino e cenário impecáveis, além de um repertório cheio de novos sucessos. Bem a cara de sua carreira solo. Confira um pouco aqui!



Texto: Zeca Fernandes
Fotos: Maira Cassel

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Maria Rita filma a plateia no Circo Voador

Geralmente, postamos os vídeos que filmamos dos trechos dos shows dos artistas. Mas desta vez, a cantora Maria Rita foi quem postou no canal dela no Youtube, as imagens que a própria fez da fervorosa platéia que a recebeu no Circo Voador. Aliás, uma platéia bem animada, diga-se de passagem. Assista abaixo:

Luiz Melodia :: Só assumo só :: Circo Voador :: 1993

Luiz Melodia e Circo Voador são amigos de longa data. Direto do acervo do Circo, disponibilizamos para você um trecho do show do mesmo realizado na lona em 1993.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Uma mesa pelo Funk

Debate realizado no Circo Voador, nesta segunda, dia 21 de setembro, reuniu membros do governo, políticos, artistas e produtores culturais para debater o funk. Na foto acima, a partir da esquerda, o chefe da representação regional do ministério da cultura Adair Rocha, o ministro da cultura Juca Ferreira, Mc Leonardo e a secretária de cultura da prefeitura do Rio de Janeiro, Jandira Feghalli. Governo e classe artística levantando a blusa do "Eu amo baile funk", evento realizado no Circo desde 2004, que ajudou a colocar a importância do funk em discussão. Abaixo, você confere um vídeo com os melhores momentos do debate:

Clube da Luta

Sei que vão me crucificar, mas durante o show que reuniu Ratos de Porão e Gangrena Gasosa no último dia 11, no Circo Voador, só conseguia me lembrar do funk cantado por Luis Fernando Guimarães e Regina Casé que dizia:

“A gente somos coléga
É tudo gente amiga
Por isso que nós se pórra
Por isso que a gente briga”



O show do Gangrena começou cedo e eu, que também estava de fora do Circo quando a banda atacava os primeiros acordes, fui um dos que correu pra não perder a apresentação. Ícone do metal carioca dos anos 90, o grupo se tornou popular com uma improvável mistura de thrash metal e macumba. Segundo eles mesmos, a própria banda surgiu do sonho de abrir um show do Ratos no Circo. O convite para a abertura (a segunda deles para o grupo por aqui) foi prontamente aceito.

Enquanto iam misturando clássicos como “Centro do Pica-pau Amarelo” e “Despacho From Hell” à novidades como “Se Deus é 10, Satanás É 666!” e a impagável “Eu Não Entendi Matrix”, os músicos fizeram o já tradicional arremesso de oferendas, enchendo de farofa toda a tenda (e o público) e saíram ovacionados do palco.

Quando o Ratos começou, o pau comeu. Se a frente do palco durante seus shows não é lugar muito recomendado para não-iniciados, o piso escorregadio por conta da farofa tornou o território ainda menos amigável. Enquanto João Gordo enfileirava os hits como “AIDS, Pop, Repressão”, “Beber Até Morrer”, “Agressão/Repressão” e apresentava as faixas de seu recente “Homem Inimigo do Homem”, lançado pela Deck Disc, toda a galera que se encontrava na Lapa no começo dos anos 90 para rolezinhos de skate ou pra trocar fitas cassete do Agnostic Front e Olho Seco estava ali nas imediações, dando aquela porradinha nos chapas ou uma cotovelada nas costelas daqueles carinhas que nos anos 90 eram babacas, são babacas hoje em dia e provavelmente vão morrer babacas. Prazeres que o pogo dá.

Como sempre, João agradeceu ao apoio da galera carioca e prometeu voltar em breve. Ele mesmo não sabe dizer quantas vezes esteve se apresentando na casa, mas desde que haja mais oportunidades de viver outra noite como essa, isso nem faz lá tanta diferença assim.

Leandro Ravaglia é jornalista, baixista e magrelo, por isso vai no pogo com moderação!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Curumin + Guizado + Festa Makula




Para quem mantém os olhos atentos e os ouvidos abertos, ou vice versa, a música brasileira vai muito bem obrigado. Noites como à do último cinco de setembro no Circo Voador evidenciam o que já parece óbvio: vivemos um momento muito feliz. A música brasileira, popular por excelência e não pela sigla, navega no groove de uma conjuntura onde a tecnologia aliada a um bom senso que há muito não se via dialoga afinadinha com as raízes mais profundas da nossa cultura. Comecei a perceber tudo isso quando cheguei no Circo e os falantes da casa estavam domados pelo Afrobeat da galera da Makula, festa que com certa regularidade agita a naite carioca, não deixe de conferir! Para quem ainda não sabe, Afro-beat é um som desenvolvido pelo famigerado Fela Kuti, músico nigeriano que muito antes de Obama já ostentava o título de Black President. Mas isso é história pra outro papo. Importante é registrar que a noite foi aberta não só com um, mas com os dois pézinhos sapateando bonito no ritmo de Fela.

A Makula dominou a pista, ainda vazia infelizmente, até dez para uma da matina quando o trompetista/produtor/cantor Guizado ocupou o palco com sua trupe: Marcelo Cabral (baixo), Regis Damasceno e Lúcio Maia (guitarras) e (pasmem/bolem!) Curumin na bateria. O show começou e eu comecei a acreditar que seria uma apresentação conjunta de Guizado com Curumim. E foi mais ou menos assim. Eu explico. Curumin foi o baterista no show do Guizado (dividindo a responssa rítmica com os beats eletrônicos). Essa foi a segunda oportunidade de Gui Mendonça (o Guizado) trazer um pouco do seu disco de estréia (Punx) para o Rio de Janeiro. O som tem tonalidades lisérgicas bem fortes, é uma grande viagem!, com intervenções cortantes do trompete, beat e bateria marcando firme e fraseados de guitarra com tom descompromissado (foi positivamente interessante assistir Lúcio Maria “jogando para o time”, atuando de maneira ainda brilhante, porém mais discreta do que de costume). O show contou ainda com a participação de Felipe S. encarnando uma versão meio rappeada de Discurso democrático, clássico de sua banda Mombojó.

Mudança de cenário. Saem todos os músicos menos Curumin, que permaneceu na bateria, assumiu também o microfone e recebeu seus dois parceiros, o baixista Lucas Martins e o percussionista digital Loco Sosa. O JapaPaulista abriu a apresentação com Mal estar Card e seu inconfundível som de cavaquinho disparado de uma máquina de sampler. Na sequência Samba Japa e Compacto, música que na sutileza promoveu um dos momentos mais bonitos da noite, com todo mundo cantando junto e batendo palminha no tempo da música. Energia total! Coisa bonita mesmo, sabe? Para manter a sintonia na beleza Curumin sacou Cangote, faixa do disco novo da cantora paulistana Céu, surpreendendo e arrepiando a platéia. “Cantei porque essa música é muito boa”, justificou. Tá certo!

Durante o show ficou claro como Curumin gosta do que faz. O palco funciona como meio de troca com a platéia em uma dinâmica de subversão total do papel clássico do baterista (calado e à sombra dos front-men). Curumin toca bateria, cavaquinho, MPC, canta e interage com a platéia com a simpatia e habilidade de um verdadeiro MC. Ou seja, como se não bastasse fazer música da boa o cara ainda é sangue bom pra caramba! Gente fina e corajoso. Todos os sons foram levados ao palco em novas versões, recheadas de muitos ecos e a confirmação que Curumin, além do Sambalanço mais presente no primeiro disco, está cada vez mais se rendendo ao Dub e ao Afrobeat.

Kyoto, um dos sons mais contundentes da noite, questionou o furor anti-ecológico da sociedade de consumo: “This Babylon dance will murder us”, sentenciou Curumin antes da música ser concluída com uma rajada disparada pela MPC. O conceito do álbum foi relembrado em Japa pop show e Sambito foi ironicamente transformada num reggae lentinho e gostoso de dançar juntinho (com direito a citação de Extraphunk, do Black Alien). Foi ai que Curumin pulou da batera (que passou a ser ocupada por Loco Sosa) e sacou seu cavaquinho para tocar Guerreiro, com direito à citação da letra: “Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão” em homenagem a Dicró, “que eu vi hoje cantando e vendendo CD´s pelas ruas do Rio”, explicou. O clima festivo continuou em alta com Magrela fever, que carregou a platéia com seu refrão empolgante.

Lucas Santtana foi convidado para subir ao palco e cantar o seu “pretinho legal”. Subiu, ficou e lá do alto pode assistir uma homenagem a Michael Jackson, em uma versão inusitada, lentinha e simpática de Beat it. Guizado também é convocado e contribuiu com seu trompete para que Caixa Preta transformasse o Circo num Baile Funk dos bons (senti falta da presença de B Negão, que participa na música no disco). E a sequência final foi matadora com: Tudo bem malandro e Cadê o mocotó, nocaute! Público rendido, caído nas graças do samba japonês mais brasileiro que São Paulo poderia produzir. É de pirar a cabeça, ou não é? No bis Ministério stereo (com direito a citação de Réu Confesso, Tim Maia) e uma última provocação: “essa é lentinha, pra todo mundo voltar pra cama flutuando e de preferência bem acompanhado”. Fechamento perfeito para uma noite maravilhosa, onde todos os sons foram escutados com beleza e graça, graças também aos técnicos e ao equipamento que promovem o som bonito e límpido do Circo Voador.

João Xavi
fez o texto, as fotos e se acabou de dançar nessa noite

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O mush-up analógico e pré-histórico do Mister Madureira

Evento ocorrido em 21 de agosto de 2009

Vocês estão ligados numa técnica de produção sonora que chama mush-up? Pois bem, essa nova onda entre os Dj´s e produtores mais descolados consiste (a grosso modo) na junção de duas ou mais músicas que, devidamente picotadas e re-coladas, geram uma nova faixa. Posso citar João Brasil e o americano Girl Talk como dois grandes expoentes desta técnica. Para realizar seus trabalhos estes produtores utilizam modernos softwares e plataformas digitais de áudio. Resultado: uma infinidade de possibilidades para a mistura de músicas para a fabricação de novos sons. A tal reciclagem sonora.

Isto posto, posso agora relatar minha descoberta do óbvio. Foi preciso comparecer a mais um (já perdia conta de quantos foram) show de Jorge Ben para constatar que o tal do mush-up é realmente muito bacana, mas que não é novidade coisíssima nenhuma. Jorge Ben já pratica essa técnica há tempos, não sei precisar quanto, mas o bastante pra afirmar que o cidadão de Madureira é o pai e o mestre da versão mais antiga do mush-up, a analógica.

O formato atual dos shows de Ben pode ser resumido como: uma longa lista de hits cantados em coro pela multidão e tocados em seqüência pela aventureira Banda do Zé Pretinho. Ok, beleza. E onde fica o tal do mush-up nessa história? Simples, cumpadi! O mestre faz como os produtores: ele se apropria de sucessos (composições de sua própria autoria, e mais no final do show marchinhas e o indispensável hino do Flamengo) e os resignifica conforme os executa em seqüências inusitadas, modificando ritmos e modulando arranjos. É tudo feito no palco, ali na hora, surpreendendo não só a platéia, mas também a banda, que não a toa classifiquei como aventureira. Mais do que cantor ou guitarrista (a guitarra que gerou tanta polêmica no passado, hoje fica de lado durante boa parte do show) Jorge Ben atua como maestro. É um tal de “só a cozinha!”, “piano play!”, “bass play!” e os músicos, como bom cúmplices, vão entrando na onda e refazendo as músicas a cada intervenção do band leader.



Jorge segue ao longo de anos praticando essa reconstrução de sua própria obra ao vivo. No peito, na raça e no talento. Com sensibilidade, ritmo, muito ouvido e sem auxílio da tecnologia. Eu, que muito admiro os produtores de mush-up, pude aprender nesta última sexta-feira que as formas de se criar e executar a música ganham diferentes nomes e significados. Mas que a inventividade (independente da inscrição da música no Tempo/História) ainda é o grande atrativo para os ouvidos mais sedentos do bom néctar auditivo e dos corpos adeptos da sagrada tradição do rebolado.

Não sei se isso tudo é só viagem, ou se todo mundo percebe essas coisas. Mas no fim das contas o povo chega juntinho no show e responde balançando o corpo, jogandos os braços e abrindo incontáveis sorrisos. Jorge Ben consegue a façanha de ser moderno e popular. Complexo e facilmente digestível. Tudo ao mesmo tempo, e agora! Alias, outro bom resumo da noite (talvez mais interessante que esse blá blá blá teórico) é: o show é uma dose cavalar de energia. Aprecie sem moderação e sempre que possível. Salve simpatia!

João Xavi fez as fotos e o texto acima, além disso chegou atrasado para o show da Paula Lima, mas soube que foi ótimo, e que contou com a canja de Jorge Ben Jor cantando "Que Maravilha" e "Meu Guarda Chuva", e de Antônio Pitanga sambando no palco com a camisa do Vasco da Gama.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

3 na Massa

Advertência: a pergunta a seguir não é início de uma piada. Quantas pessoas são precisas para transformar um Circo em Cabaré? Começando a contagem, quatro cabras: Rica Amabis, Dengue, Pupilo e Boca. E cinco damas: Thalma de Freitas, Céu, Lurdez da Luz, Marina de la Riva e Karine Carvalho.

Conclusão, nove indivíduos se articularam para a realização desta tarefa. E a magia aconteceu. Para quem ainda não se ligou, estes nomes dizem respeito aos responsáveis por levar o disco “Na confraria das sedutoras”, do projeto 3 na Massa, para os palcos mundo a fora. Entre vôos por São Paulo e Recife esse time da pesada aterrissou no Circo Voador na noite de 8 de agosto e fez do Circo um verdadeiro Cabaré, que, na definição do Dicionário da Academia Brasileira de Letras é: Casa de diversão noturna, onde se bebe, se dança e se assiste a espetáculos ligeiros.

Um show para se comer com os olhos

Entre o Circo e o Cabaré existe algo em comum, os dois são espaços construídos para o entretenimento. Voltando ao dicionário, entreter é: “Prender a atenção de”. E a tomada de atenção do público foi o que aconteceu desde o primeiro acorde disparado pela banda de abertura, o Dois em Um, formado pelo casal Luisão Pereira (baiano, ex-guitarrista da banda Penélope) e Fernanda Monteiro (carioca e violoncelista). O som da dupla é low-fi, com Fernanda empunhando o violoncelo e cantando baixinho em cima de bases pré-programadas e crescentes intervenções da guitarra de Luisão. Os dois tocam sentados, comportados e o público entrou na onda da dupla. Assistiu, viajou nas texturas produzidas pela fusão guitarra+violoncelo+base eletrônica+voz sussurrante e aplaudiu com fé no final de cada canção.

A noite iniciou bem. Mas o espetáculo (Dicionário novamente: “Qualquer imagem que impressione ou atraia o olhar”) começou mesmo a pegar fogo quando o vídeo da atriz Leandra Leal usando espartilho, corpete e portando um perigoso chicotinho foi projetada nos fundos do palco do Circo (http://www.youtube.com/watch?v=tk9tGLZX2jY). “Eu tenho a imaginação fértil e gosto de agradar”, sentenciou a loira em português e francês. Abrindo alas no palco e sentidos na platéia para a entrada da primeira cantora da noite, Thalma de Freitas. Também atriz, Thalma domina o palco, joga com o corpo e com maestria introduz o clima sensual (“Relativo aos sentidos”) que percorre por toda noite. A deusa de ébano sede espaço para Céu que, diferente da antecessora, atua quietinha e do centro do palco, só com a voz apimentada consegue manter o clima e os olhares.

A dinâmica platéia/palco permanece de contemplação, até o momento que Lurdez da Luz (dona de um dos microfones do Mamelo Sound Sistem) trás o saculejo das ruas de São Paulo, com tempero da origem baiana, ao palco. O povo não consegue só contemplar, o corpo pede movimento, e daí em diante os rebolados começaram a ser mais constante por área da lona do Circo Cabaré Voador.

A noite prossegue, o vídeo de “Pecadora” (http://www.youtube.com/watch?v=BU-p4PS6kZY), com narração de Simone Spoladore, acende o telão e logo em seguida entra Marina de La Riva, carioca criada no interior de São Paulo, não gravou no disco, mas usa de sua voz potente e técnica vocal consciente para domar nossos ouvidos com laço de veludo. Para começar a fechar a tampa, ufa!, Karine Carvalho (a quem caberia facilmente o título de “pequena notável”) sobe ao palco para entoar o hit “Tatuí”. Nocaute!

Queixos caídos por todos os lados, pêlos ouriçados e a certeza que espetáculos como este somado a lua cheia, mesmo que artificial, inspiram noites de amor que só mesmo a versão de “Quero ter você perto de mim” do Rei Roberto pode narrar.


João Xavi é rapper gente boa, escreveu e fez as fotos que ilustram este artigo. A primeira é do grupo Dois em Um, e a segunda é Marina de La Riva no palco do 3 na Massa.