sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Living Colour no Circo Voador


Tudo bem que não se precisa de mais de três acordes para fazer uma música, mas também é bom ver alguém que sabe tocar direito de vez em quando. Disso, quem esteve no Circo Voador no último dia 31 não pode reclamar. O Living Colour mostrou porque é considerada até hoje uma das bandas mais inventivas da geração da MTV nos anos 90.

Em sua formação mais conhecida (Corey Glover – Voz, Vernon Reid – Guitarra, Will Calhoun – Bateria e Doug Wimbish – Baixo), o grupo passou em três horas de show quase todos os hits de sua carreira, deixando boquiaberta toda a platéia do Circo.

“É a banda do Zé Pretinho”, ria Lenine, que participou do show de abertura do Vulgue Tostoi e ficou impressionado com a qualidade dos músicos no palco. “São uma referência. Fazem muita música boa juntos”, completou. Quem também estava impressionado com a performance era Charles Gavin, dos Titãs, que fazia caretas a cada virada e solo de Calhoun.

Com a platéia nas mãos, Corey mostrava toda a sua qualidade vocal em momentos de puro soul, como “Open Letter to a Landlord” e “Love Rears It’s Ugly Head”. A base precisa de Wimbish e Calhoun (que fez um solo de bateria de mais de 15 minutos) deixava caminho livre para as velozes palhetadas de Reid, que durante a passagem de som (de mais de três horas) não largou da guitarra por nem um segundo. O resultado dessa dedicação toda ao instrumento pode ser visto nos furiosos solos de “Cult of Personality” e “Type”.

Com a platéia ensandecida, o grupo voltou para o bis duas vezes, e apresentaram suas versões para “Should I Stay Or Should I Go?”, do The Clash, e “Crosstown Traffic”, de Jimi Hendrix.

Formado em 85, em Nova Iorque, o Living Colour se tornou conhecido por fazer uma mistura de rock e funk altamente influenciada por elementos de black music e jazz. Capitaneado pelo virtuoso Vernon Reid, o grupo rodou o underground de Nova Iorque até que em uma de suas apresentações estava Mick Jagger, vocalista dos Rolling Stones. Impressionado, Jagger não só os ajudou a conseguir um contrato para a gravação de seu primeiro disco, “Vivid” (1988), como também fez questão de produzi-lo. Dele, saíram músicas como “Cult of Personality” e “Glamour Boys”, que ajudaram a começar a tornar o grupo conhecido fora dos Estados Unidos.

Foi com “Time’s Up” (1991) que eles estouraram. Mostrando diversas influências, entre elas a da música latina, o grupo se tornou um sucesso mundial. Músicas como “Type” e a emocional “Love Rears Its Ugly Head” rapidamente caíram no gosto dos brasileiros, que convidaram o grupo para sua primeira performance no país em 93, durante o Hollywood Rock. Essa passagem marcaria o início de uma longa estória da banda com o Brasil. Em visita à Bahia com Carlinhos Brown, Vernon Reid se apaixonou pela música brasileira. “A melhor lembrança que trago do Brasil foi a visita à Bahia com Brown. Foi inesquecível conhecer a Timbalada e os diferentes ritmos da cidade. Isso definitivamente foi importante para que eu quisesse voltar várias vezes ao país”. Outro que é só elogios à nossa música é o baterista William Calhoun. Impressionado com o Maracatu, Will foi a Recife, acompanhado por Pupilo, baterista da Nação Zumbi, conhecer mais do estilo e aprender seus toques.

Foi também em 93 que gravaram o álbun “Stain”, e chegaram ao auge do sucesso. Quando iniciariam as gravações de seu novo disco, em 94, Vernon anunciou que deixaria o grupo.

A pausa, por sorte foi apenas até 2001. De volta aos palcos, o Living Colour lançou em 2003, após 10 anos sem material inédito, o vigoroso “Collideoscope”, que trazia além das músicas próprias, versões de “Back in Black”, do AC/DC, e “Tomorrow Never Knows”, dos Beatles.

Envolvidos com diversos projetos paralelos, a banda tem feito menos apresentações. “Não gostamos de fazer planos nem criar expectavivas sobre o que vai acontecer. O Living Colour é o tipo de banda que resolve como vai ser o show 10 minutos antes de entrar no palco. A única coisa que a gente espera com isso é se divertir. Tem dado certo assim”, disse o baixista Doug Wimbish.

Tomara que eles continuem se divertindo por muito tempo. Apaixonados pelo Brasil como são, quem sabe não pinta mais uma datinha por aqui?

Leandro Ravaglia é baixista do MUTRETA, jornalista e muito guerreitro: ficou da passagem de som as 16h até 4h da manhã, quando acabou o show, internado no Circo Voador acompanhando cada detalhe do show!

Evento ocorrido na sexta-feira, 31 de agosto de 2007.

Um comentário:

  1. Oi,Sou de lambari sul de MG, e amante da música,conheco o circo como o ícone de projeção da música nacional, ja estou com muita vontade de conhecer o circo de perto, logo logo estarei aí !!!!!!!!!!

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