sábado, 30 de junho de 2007

Os Mutantes


Com tanta banda ruim que podia sumir, ainda tem gente que reclama quando uma boa volta. A apresentação dos Mutantes no Circo Voador, no Rio de Janeiro, nos dias 29 e 30 de junho, mostrou porque, mesmo depois de 30 anos longe dos palcos, tanta gente torcia pelo seu retorno. Formada pelos irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, o baterista Dinho Leme e a cantora Zélia Duncan, e amparada por um time de músicos convidados de altíssimo nível, a banda mostrou fôlego de iniciante, mas a bagagem e um repertório que só quem tem muitos anos de estrada pode reunir.

"Nesses 30 anos longe dos palcos não fizemos planos de voltar. Não foi uma coisa pensada. Tinha que acontecer", afirma o guitarrista Sérgio Dias, que conduziu a apresentação com solos demolidores.

Arnaldo Baptista também dividia a alegria do irmão: "Essa volta é uma seqüência de imprevistos que a gente vai tentando dar um jeito. Às vezes dá certo, às vezes não", respondeu com a simpatia de sempre.

Zélia Duncan, que recebeu dos irmãos a árdua tarefa de substituir Rita Lee, mostrou estar muito à vontade no posto, cantando inclusive em uma região bem mais aguda do que a que estava acostumada em sua carreira solo. Sobre a cantora, Sérgio era só elogios: "Conheci a Zélia dois meses antes do show no Barbican (clube londrino onde aconteceu a volta do grupo) em uma participação especial com Os Britos (projeto que reúne integrantes do Barão Vermelho e do Kid Abelha tocando Beatles), e nem tinha idéia da profundidade do que ela era. Quando eu estou no palco e olho pra ela, vejo que cada nota que eu toco ela está sentindo. Isso é tão bom".

O charme e a elegância da cantora cativou também toda a platéia que estava por lá. Masculina e feminina. "Ah se ela mudasse de idéia...", brincou o estudante Jefferson Luciano, de 19 anos, que apesar de fã há algum tempo, estava vendo a banda pela primeira vez. "É muito bom quando a gente acompanha uma banda por muito tempo e ao vivo eles são tão bons quanto a gente imagina", concluiu.

O público esteve o tempo todo nas mãos da banda. Em uma hora e meia de show, eles tocaram grandes hits como "Panis et Circenses", "Ando Meio Desligado", "Bat Macumba" e a emocionante "Balada do Louco", mas também revisitaram raridades do repertório como "El Justiciero", "Caminhante Noturno" e "Cantor de Mambo".

Com o Circo Voador em clima de paz-e-amor, a apresentação teve direito a choro, beijos apaixonados e até topless na platéia. "Tô muito feliz de tocar aqui no Circo. Aqui é sempre bom. A Juçá é pioneira de toda essa estória, de toda música no Rio. Já tínhamos feito outro show no Rio, mas aqui é um lugar que é mais da gente, então batemos o pé pra fazer".

A banda se despede do Brasil com shows ainda em Belo Horizonte no dia 5 e Bragança Paulista no dia 7. Depois embarcam para Estados Unidos e Europa e só voltam em setembro. Arnaldo convida: "Venham ver. Agora a banda está com uma orquestra de sintetizadores. É um montão de gente fazendo um som que 'às vezes' é inteligível. Eu adorei".

Texto: Leandro Ravaglia
Fotos: Diogo Tirado

Evento ocorrido na sexta-feira e sábado, 29 e 30 de junho de 2007

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