segunda-feira, 4 de maio de 2009

Um homem do teatro, os compulsivos e a perigosa!



No sábado, dois de maio de dois mil e nove, enquanto realizávamos no Circo Voador uma homenagem ao já saudoso vizinho Augusto Boal, me ocorreu que, por uma daquelas coincidências cósmicas, a banda que estava para subir ao palco, Farofa Carioca, nasceu de uma companhia de teatro. Pois é, era a década de noventa e um tal de Seu Jorge foi morar de favor num espaço da UERJ onde ensaiava um grupo encabeçado por Ancelmo Vasconcelos, Luca de Castro (pai da atriz Carol Castro), Antônio Pedro, Cláudia Borioni e outros. Inclusive um Gabriel Moura. E nas coxias, embalados pelas coxas das atrizes, nascia o Farofa Carioca. O resto é história. Mas, nos despedimos de Boal tendo uma banda no palco do Circo Voador, cujas raízes estão intrisicamente ligadas ao universo teatral.

E esta banda ainda não estava sozinha, e sim, acompanhada de Elza Soares que, por sua vez, não tem as origens ligadas ao teatro, porém é dona de uma voz que é um espetáculo único. Aliás, reescrevendo bem, Elza é única em muitos sentidos. O show aconteceu em clima de total descontração. O cenário incluía pneus, latões, correntes, bujão de gás, caixotes de feira usados como banco e uns degraus de madeira que colocavam o trio do sopro no alto.

A música "África" abre os trabalhos. Na sequência "Manguetown", clássico de Chico Science e Nação Zumbi, onde Elza aproveitava o refrão para brincar com seu vozeirão. Cazuza é lembrado com a execução de "Brasil". "Timbó", música do disco "Moro no Brasil", ganha um batidão dub graças a intervenção do dj/vj Muralha. Da obra de Jorge Ben Jor, atacam com "Mas que Nada" "Vendedor de banana" (onde surge incidentralmente a trilha de Batman e Robin) e "W/Brasil". Em "Mini-Saia", Elza sai de palco e volta com a respectiva mini-saia. Outro bamba, Bezerra da Silva, ressurge em "Vou apertar (mas não vou acender agora)". Do repertório do Farofa também aparecem "Pretinha", "Samba Rock" e "Moro no Brasil". No bis, "Rabisca Robson" é executada pelos cantores e apenas o power trio baixo, guitarra e bateria. Mais uma vez, a guitarra de César Barbosa, vestido a la Sgt. Pepper, dá um show a parte e deixa a turma boquiaberta. Que momento! "Yes, my brother", última música do disco do Farofa "Tubo de ensaio" também encerra o espetáculo, emendando com sambas enredos, como da Mocidade e da União da Ilha. E descontraindo da turma do gargarejo até o pessoal da arquibancada, a gangue toca uma música dos palhaços "Atchim e Espirro", que chegaram a apresentar um programa infantil na tv nos anos 80.


Tudo muito animado! Tudo muito vivo! Elza, que já dividiu palcos com Miltinho, Roberto Ribeiro, Elis Regina, entre outros, estava muito a vontade ao lado de Mario Broder, vocalista do Farofa Carioca. E o público do Circo, nitidamente, também estava muito a vontade diante daquele encontro de bons músicos e de boas músicas.
Salve Elza e o Farofa, que fizeram uma noite inesquecível. E, aproveitando estas linhas que chegam ao fim, salve o Mestre Augusto Boal, cujo Teatro do Oprimido, Teatro Fórum, Teatro do Invisível e seus estudos e desdobramentos, permanecerão vivos na vida de seus multiplicadores, estudiosos e admiradores.

Lencinho

3 comentários:

  1. Elza é Diva!!! Incrível a vitalidade desta mulher.

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  2. o Rio é lindo...carioca é tudo sangue bom

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  3. gostaria de pedir o apoio blogueiro de vocês: votem no meu blog!
    Ele concorre ao Prêmio Top Blog. Talvez eu nem chegue perto dos ganhadores porque tem gente como Marcelo Taas concorrendo(é aquele cara do CQC, da Bandeirantes, e que tem muito mais visibilidade :p)
    Prá votar é só clicar no selo que está no lado direito do meu blog.
    Obrigado!
    abs

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