segunda-feira, 8 de junho de 2009

Móveis e Djangos no Circo Voador!

por João Xavi



O Móveis Coloniais de Acaju, banda principal, estava nascendo quando o Djangos, banda de abertura, já colocava na rua seu primeiro disco, o hoje clássico “Raiva contra o oba oba” produzido por João Barone (o baterista do Paralamas do Sucesso). Os dois fatos aconteceram há aproximadamente dez anos e de lá pra cá muita água passou de baixo da ponte da música brasileira. Nesse meio tempo o Circo Voador abaixou e ergueu sua lona, o Djangos voltou a ser independente, o Móveis apareceu pro mundo e cresceu como um fenômeno independente e agora, as duas bandas compartilham um mesmo momento: o lançamento do tão aguardado segundo disco.

Cheguei no Circo no exato momento que Djangos começava sua apresentação. Rolava um certo clima de apreensão de todas as partes. Abrir show é sempre uma tarefa arriscada porque as pessoas que estão ali não saíram de casa para assistir a abertura. E a banda, apesar de veterana, era praticamente desconhecida de grande maioria do público que há 10 anos atrás devia estar brincando de massinha ou assistindo Pokemón. Nada grave, senhoras e senhores. Duas músicas depois e a comunicação já estava devidamente estabelecida em um diálogo de gerações possível graças à doação de ambas as partes. O show foi 99% baseado no disco novo “Mundodifusão”, produzido e gravado por Marcelo Yuka, que está saindo do forno. Eu, que estive em cima do palco participando em uma das músicas, pude ver de frente como a platéia estava de coração aberto e no final do show já acompanhavam os Djangos com palmas, e no ritmo! Vitória coletiva e aquecimento perfeito para a catarse que ainda estava por vir.

Ouvi o naipe de sopro do Móveis afinando os metais, sim gente espera, metal também se afina, no camarim e já bateu um friozinho na barriga. Não consigo entender essa banda racionalmente, mas o fato é que é praticamente impossível passar impune pela experiência de um show do Móveis. A impressão é que os caras tomaram um banho de alguma poção mágica que potencializa a simpatia já inerente a cada um. Talvez seja esse o segredo. Apesar do tamanho (o cara é gigante!) e da disposição do vocalista (ele pula o show inteiro!) a banda não tem uma figura que concentra os holofotes, todos os dez músicos fazem parte do show, ou melhor do espetáculo. A apresentação é toda planejada e coreografada com muitíssimo bom humor. Os instrumentos viram objetos de cena e possibilitam situações hilariantes, com todo respeito ao mestre Raul de Souza, é engraçado ver um trombone sendo tocado com altas doses de deboche. Outro grande trunfo da banda é a constante tentativa de rompimento com a relação palco/platéia, nos já tradicionais trenzinho e roda, quando parte da banda se lança na pista e dança tête-à-tête com os fãs. O show é quase uma celebração messiânica. Pede-se pro público cantar, ele canta. Pede-se pro publico dar uma abaixadinha e um pulo, eles abaixam e pulam. O bacana é que não rola uma relação de “dominação”. Tudo acontece num clima muito positivo, numa onda de construção coletiva do que é aquele espetáculo. Não existe a possibilidade de simplesmente assistir ao show do Móveis Coloniais de Acaju, o grande lance é chegar junto e somar como mais um integrante da banda. A dica é: faça um bom alongamento, aqueça a garganta, pule o quanto seu corpo agüentar e cante até a garganta pedir: chega!

Evento ocorrido em 06/06/2009

Nenhum comentário:

Postar um comentário